quarta-feira, 7 de agosto de 2013

TOQUES RÁPIDOS PARA SUA CARREIRA - PARTE 1: AGIR OU FAZER NADA?

Lendo livros e artigos sobre carreira, sempre me chamaram a atenção expressões do tipo “tomar a iniciativa”, “ousar”, “ter atitude”. São características importantíssimas no mercado de trabalho, para não dizer imprescindíveis. Daí você se prepara, investe em seu lado ‘ousado’ – principalmente se você, como eu, tiver um lado negociador mais apurado e certa dificuldade em ousar devido a isso – lê mil artigos, acessa centenas de sites, assiste dezenas de palestras, faz cursos e pipocam ideias para seu negócio. Elas ficam lá, na sua cabeça, borbulhando, prontas para serem ditas pra alguém, pra equipe e, quem sabe, aplicadas. É isso! Esse é o perfil! Agir! É o que as empresas querem!

Porém, a minha experiência profissional me mostra que, apesar de as empresas não terem dúvidas de que querem profissionais proativos, elas não estão preparadas para eles. O profissional se vê em uma situação em que ele pode tomar a iniciativa e fazer a diferença ou tomar a iniciativa e tomar no ser mal interpretado. Criticar uma decisão, depois de tomada, e por quem não a tomou, é bem fácil. E nem sempre feita com dignidade. Por exemplo: o chefe que condena aquele funcionário que tomou a iniciativa de devolver o garrafão de água mineral porque a água estava turva (é, já vi disso.). Outro exemplo: o diretor que não acredita na palavra do gerente quando este afirma que sua equipe tem total condição de dar conta do evento (e pra que mesmo o gerente foi contratado?) e acaba contratando uma pessoa para ajudar sem necessidade, com o custo saindo do budget já apertado da área.

Se for pra ser assim, então é melhor ficar calado? Deixar que pessoas ‘mais preparadas’ opinem, critiquem, façam. Ou mais corajosas? Assim, o ‘colaborador’ deixa de ganhar, no mínimo, uma baita dor de cabeça. É um alívio, o colaborador segue fazendo o que foi pago para fazer, bate o ponto às 18h e segue feliz. Por outro lado, ele se desmotiva aos poucos porque percebe que não pode contribuir com idéias, opiniões. E crescer. O mercado não dá mais espaço para gente assim. Chega a ser revoltante em algum momento: que trabalho ruim é esse onde você vê o que está errado e não pode falar nada? Tem que fingir que está tudo bem, quando na verdade você entrou na empresa para levar um pouco de você para ela, contribuir, construir, crescer junto, e é claro que há muita coisa para se melhorar ali. Tem que aceitar as coisas na empresa como elas são.

Eu já fui de agir. Minha natureza é essa. Mas, confesso que todas estas experiências me ensinaram a meter menos o nariz onde não sou chamada. A não ser que a empresa deixe bem claro que ela entende realmente este processo de participação, não faça nada. Fique na sua. Lute por outras causas para compensar esse desgosto. E, um pouco antes de chegar ao fundo do poço, procure um emprego novo.

Texto publicado no site Blumenews // www.blumenews.com.br

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