terça-feira, 1 de abril de 2008

EXPERIÊNCIAS

Recebi de um leitor um texto instigante: “Há um mês fiz uma entrevista numa agência de emprego. Passei por todo ritual já conhecido. Só que a entrevistadora disse que a empresa que iria me contratar não queria saber da minha vida há 15 anos. Apenas dos últimos 6 anos. Ora, minha vida não se resume a 6 anos. Minha vida é tudo aquilo que realizei, até atividades fora do âmbito profissional. Fui empacotador de supermercado, office-boy, jogador de futebol, pegador de bola de tênis e garçom. Em todas essas atividades, desenvolvi muitas habilidades. Como empacotador, desenvolvi a capacidade de organização. Como office-boy, a capacidade de comunicação; como jogador de futebol a capacidade de saber que em grupo existe complexidade de comportamentos, pensamentos e sentimentos. E também a capacidade de trabalhar com grupos numerosos. Como pegador de bola de tênis desenvolvi a capacidade de estar no lugar exato, para que o jogo não pare; como garçom desenvolvi a habilidade de saber atender bem. Também trabalhei como técnico em eletrônica, o que me ajudou a desenvolver a habilidade de não julgar precipitadamente um problema, sem conhecê-lo por completo”.

Essa foi a frustrante experiência do Alberto na busca por um emprego. Interessante, não é? Você já parou para pensar nas experiências que adquiriu ao longo da vida? E como elas ajudaram a compor o que você é hoje?

Pois um entrevistador que não se interessa pelo meu passado distante e meus hobbies, que não quer saber das coisas que me apaixonam, não me serve. Aliás, a empresa que tem um entrevistador assim não me serve. Esse tipo de gente é uma amostra do que encontrarei em outras áreas da organização: mais pocotós.

A superficialidade de nosso tempo está formando uma geração de cagões. Gente que tem medo de ousar, de arriscar, de exercitar sua liberdade, de opinar... Gente que jamais vai refletir sobre o valor de uma experiência.

Gente que só vai experimentar a experiência dos outros.

Luciano Pires

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